Como a Suíça se tornou a 'segunda casa' de Tina Turner

Tina Turner, também conhecida como a "Rainha do Rock 'n' Roll", será para sempre lembrada por sua dinâmica presença de palco, batidas de pés e abrindo caminho para outras artistas negras na indústria da música.

Embora a fama de Turner tenha começado em sua pequena cidade natal, Nutbush, Tennessee, seu público estava em todo o mundo. Suas canções de sucesso como "Private Dancer" e "Nutbush City Limits" fizeram dela uma grande sensação na Europa e na Austrália.

Em 24 de maio, Turner morreu em sua casa à beira do lago na Suíça aos 83 anos, após sofrer uma "doença prolongada", disse seu publicitário Bernard Doherty em um comunicado à NBC News.

Enquanto milhões de pessoas em todo o mundo lamentam a morte de Turner, seus fãs na Suíça estão decorando sua casa com flores, velas, notas manuscritas e muito mais.

Em entrevista ao New York Times, um vizinho a descreveu como "muito querida" na comunidade que cerca sua propriedade privada em Küsnacht, perto de Zurique.

O município divulgou um comunicado chamando-a de "cidadã orgulhosa de Küsnacht" e destacando que ela será lembrada por seu calor, sua "voz única" e suas lindas luzes de Natal.

Alain Berset, presidente da Confederação Suíça, também compartilhou uma homenagem ao ícone do rock 'n' roll em 24 de maio.

"Com a morte de Tina Turner, o mundo perdeu um ícone", diz uma tradução do tweet. "Suas canções e as muitas memórias associadas a elas ficarão com você. Meus pensamentos estão com a família desta mulher impressionante que encontrou um segundo lar na Suíça."

Küsnacht, na Suíça, foi um lugar para Turner escapar de sua realidade como uma conhecida estrela pop, desfrutar de discrição e calma e trocar sua personalidade pública por privacidade.

Ela se mudou para a Inglaterra no início dos anos 80, onde promoveu sua carreira como artista solo após sua separação em 1978 com Ike Turner, seu ex-marido abusivo. De acordo com um artigo de 1993 no Washington Post, suas faixas solo se tornaram sucessos pop na Europa, e ela creditou a assinatura de um contrato com a Capitol Records ao cantor britânico David Bowie.

Em "60 Minutes" em 1996, ela disse que "ainda era muito americana", mas acrescentou: "Acho que não voltarei para casa".

No ano seguinte, ela se abriu sobre a mudança para a Suíça em uma entrevista com Larry King. Ela disse que deixou a América "porque meu sucesso estava em outro país e meu namorado estava em outro país".

Depois que King respondeu que Turner é uma "grande estrela" nos Estados Unidos, ela observou, "não tão grande quanto Madonna".

"Sou tão grande quanto Madonna na Europa. Sou tão grande quanto, em alguns lugares, os Rolling Stones", disse ela, referindo-se à banda liderada por seu amigo de longa data, Mick Jagger.

Ela também encontrou o amor com sua "alma gêmea" fora dos Estados Unidos. Em 1985, ela conheceu o executivo musical alemão Edwin Bach em um aeroporto, e os dois começaram a namorar.

Mais de 10 anos depois, quando King perguntou a ela: "Onde é a casa?" Turner respondeu imediatamente: "Zurich", onde Bach trabalhava.

"Meu namorado se mudou para lá para administrar a empresa e eu sempre quis ir para a Suíça e fiquei muito feliz", disse Turner.

Em um artigo publicado após sua morte, o prefeito de Küsnacht, Markus Ernst, disse à Associated Press que Turner poderia viver uma vida privada na Suíça.

"Uma das razões pelas quais ela veio para a Suíça foi ter uma vida completamente normal", disse ele à agência. "Ela podia ir a restaurantes sem ser fotografada o tempo todo... na rua, as pessoas não olhavam para ela nem pediam autógrafos."

Em 2013, após 20 anos morando na Suíça, Turner desistiu de seu passaporte americano e iniciou o processo de se tornar oficialmente uma cidadã suíça. Ela se casou com Bach no mesmo ano em uma cerimônia luxuosa com a presença dos amigos Oprah Winfrey e Bowie.

Depois disso, ela enfrentou várias batalhas contra a doença, incluindo um derrame em 2013, um diagnóstico de câncer intestinal em 2016 e insuficiência renal. Bach esteve ao seu lado o tempo todo e, em 2017, doou seu rim para sua esposa.

Em 2022, Turner e Bach compraram a propriedade em que ela viveria pela última vez. A propriedade no Lago Zurique, que tinha 10 prédios, um lago, um riacho, uma piscina e um cais, custou US$ 76 milhões, segundo a Associated Press.